O Sistema Único de Saúde (SUS) dará um passo
importante no fortalecimento do planejamento reprodutivo no Brasil. Até o final
de 2025, o Implanon, um contraceptivo subdérmico de longa duração, passará a
ser oferecido gratuitamente em todo o país.
O que é o Implanon?
O Implanon é um pequeno bastão flexível, com
cerca de 4 cm, inserido sob a pele do braço, que libera gradualmente o hormônio
etonogestrel. Essa substância inibe a ovulação e oferece proteção eficaz contra
a gravidez por até três anos, sem necessidade de manutenção durante o período.
Antes acessível apenas na rede privada — com
preços que variavam entre R$ 2 mil e R$ 4 mil — ou em serviços públicos
localizados exclusivamente no estado de São Paulo, o Implanon agora será
incorporado à rede pública nacional como parte das estratégias do governo para
ampliar o acesso a métodos contraceptivos modernos e reduzir a mortalidade
materna.
Por que o Implanon é considerado eficaz?
Com uma taxa de falha de 0,5 por mil usuárias,
o Implanon supera métodos como a vasectomia e o DIU hormonal. Além disso, é um
dos métodos mais seguros, com ação contínua e sem necessidade de lembrança
diária ou mensal, como ocorre com pílulas e injeções.
Em aproximadamente oito horas após a inserção,
os níveis hormonais no organismo já são suficientes para impedir a ovulação.
Quando o efeito do implante termina, ele pode ser substituído imediatamente,
com retorno da fertilidade logo após a remoção.
Quem poderá receber o Implanon pelo SUS?
Na primeira fase, cerca de 500 mil mulheres em
situação de vulnerabilidade terão acesso ao implante, com meta de distribuição
de 1,8 milhão de unidades até 2026. A implementação será coordenada pela
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), com investimento previsto de R$
245 milhões.
Nos próximos 180 dias, o Ministério da Saúde
trabalhará na atualização de protocolos clínicos, capacitação de profissionais
e aquisição dos implantes. A inserção e a retirada do Implanon deverão ser
realizadas por médicos(as) ou enfermeiros(as) treinados.
Contraindicações e cuidados
Apesar da alta eficácia, o Implanon não é
indicado para todas as mulheres. Ele é contraindicado nos seguintes casos:
• Trombose
ou distúrbios vasculares
• Doença
hepática grave ou tumores no fígado
• Câncer
sensível a hormônios sexuais
• Gravidez
confirmada ou suspeita
• Alergia
a qualquer componente do implante
Situações que exigem avaliação médica prévia
incluem histórico de lúpus, câncer de mama, sangramentos vaginais inexplicados
e uso de certos medicamentos como anticonvulsivantes e antibióticos para
tuberculose.
Efeitos colaterais possíveis
Algumas usuárias podem apresentar efeitos como:
• Alterações
no ciclo menstrual (ausência ou irregularidade)
• Dores
de cabeça
• Alterações
de humor
• Ganho
de peso
Mesmo com esses efeitos, o Implanon é
considerado um dos métodos mais bem tolerados pelas mulheres, especialmente por
sua praticidade e longa duração.
Outros métodos contraceptivos oferecidos pelo
SUS
Além do Implanon, o SUS disponibiliza
gratuitamente:
• Preservativos
masculino e feminino
• DIU
de cobre
• Anticoncepcional
oral (combinado e de progestagênio)
• Injetáveis
mensais e trimestrais
• Laqueadura
tubária
• Vasectomia
Vale lembrar que somente os preservativos
protegem contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), por isso seu uso é
recomendado em qualquer tipo de relação sexual, inclusive por quem utiliza
outros métodos contraceptivos.
A incorporação do Implanon ao SUS representa um
marco para o cuidado reprodutivo e a autonomia das mulheres. Com essa
iniciativa, o governo amplia o acesso à saúde de forma equitativa e fortalece o
compromisso com a redução da mortalidade materna e com o direito ao
planejamento familiar seguro e informado.
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