Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Estudo global aponta aumento de até 61% em
tipos mais comuns da doença; longevidade e baixa prevenção entre homens ajudam
a explicar cenário
Nas últimas três décadas, os casos de câncer de
pele em idosos cresceram d forma expressiva em todo o mundo. É o que mostra um
estudo recém-publicad no periódico Jama Dermatology, que analisou dados globais
entre 1990 e 2021. Segundo os autores, trata-se da primeira pesquisa a reunir
uma visão abrangente sobre as tendências do câncer de pele em pessoas mais
velhas, considerando idade, sexo e nível socioeconômico.
A análise revela que, nesse período, a
incidência de carcinoma basocelular, por exemplo, cresceu 61,3%, e a do
carcinoma espinocelular, 42,5%. As maiores taxas foram observadas em homens e
em regiões ricas, como Austrália, Nova Zelândia e América do Norte. Para os
autores, a combinação de pele clara e maior exposição ao sol ajuda a explicar
em parte esses números.
No caso dos homens, a menor adesão a medidas de
prevenção, como uso do protetor solar, também pode explicar esses índices.
"Com o aumento da longevidade em muitos países, os idosos estão sendo
examinados mais vezes por dermatologistas. Com isso, os diagnósticos estão
sendo feitos com maior frequência”, avalia a dermatologista Selma Hélène, do
Einstein Hospital Israelita.
Além disso, o aumento na detecção precoce dos tumores de pele não melanoma, como os carcinomas, também contribui para os números em alta. Esses tipos de câncer estão fortemente relacionados à exposição solar, além de fatores genéticos. "No caso do melanoma, que pode aparecer sobre as pintas adquiridas ao longo da vida, nas pintas de nascimento e na pele normal, a detecção precoce pode salvar uma vida, pois ele tem capacidade de metástases fora da pele, sendo agressivo quanto mais jovem o paciente", explica a especialista.
Prevenção desde cedo
Embora o estudo aponte crescimento dos casos em
idosos, a prevenção precisa começar cedo. Hélène lembra que a pele é o maior
órgão do corpo humano, por isso é importante ter consciência de que ela deve
ser avaliada desde a infância.
A maior carga de exposição solar ocorre nos
primeiros 20 anos de vida, período em que crianças e adolescentes ficam mais
expostos à radiação, pelas atividades ao ar livre, o que repercute futuramente
na saúde da pele. "Valorizar as medidas de prevenção, como o uso do
protetor, de roupas, respeitar o horário do sol, repassar o protetor, além de
fazer check-up para prevenção do câncer de pele, pode salvar uma vida",
diz a dermatologista.
No Brasil, o câncer de pele não melanoma é o
tipo mais frequente, representando cerca de 30% dos tumores malignos, segundo o
Instituto Nacional do Câncer (Inca). A boa notícia é que, quando detectado
precocemente, esse tipo de câncer tem alta taxa de cura.
Fonte: Veja Saúde
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