Doença
é uma das únicas sem tratamento medicamentoso no SUS
Por
Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
A
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) lançou esta semana
campanha nacional pela inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) de fármacos que
combatem a obesidade.
O
movimento conta com apoio da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade
(Abeso), da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo), entre outras.
Em
nota, a Sbem informou que a proposta é mobilizar a sociedade, sensibilizar
autoridades e pressionar por políticas públicas que garantam acesso a
tratamento adequado, sobretudo medicamentoso, na rede pública.
O
comunicado cita que a obesidade, embora reconhecida pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) como doença crônica multifatorial, permanece como uma das únicas
sem tratamento medicamentoso incorporado ao SUS.
“Enquanto
pacientes com hipertensão, diabetes, asma ou dislipidemia têm acesso gratuito a
medicamentos, aqueles que vivem com obesidade permanecem sem qualquer
alternativa terapêutica na rede pública”, destacou a Sbem.
A
entidade ressalta que, até o momento, nenhum fármaco para perda de peso foi
incorporado ao SUS – nem mesmo medicamentos agonistas GLP-1, popularmente
conhecidos como canetas emagrecedoras.
“Nos
últimos cinco anos, quatro medicamentos para o tratamento da obesidade foram
submetidos à análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
Sistema Único de Saúde (Conitec) e tiveram sua incorporação negada: orlistate,
sibutramina, liraglutida e semaglutida.”
Números
Dados
do Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade (WOF, na
sigla em inglês), indicam que 31% dos adultos brasileiros têm obesidade,
enquanto 68% têm sobrepeso - o que significa que quase sete em cada 10 vivem
com excesso de peso.
As
projeções indicam que, se nada for feito, até 2044 quase metade da população
adulta brasileira (48%) estará obesa.
O
relatório revela ainda que mais de 60 mil mortes prematuras no Brasil são
atribuíveis ao sobrepeso e à obesidade por sua associação a doenças crônicas
não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).
“Além
do impacto humano, o problema traz custos expressivos para o sistema de saúde”,
destacou a Sbem, ao citar estimativas de estudo feito pela Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) que apontam que, entre 2021 e 2030, os custos diretos ao
SUS com doenças associadas à obesidade podem atingir US$ 1,8 bilhão.
Já
as perdas indiretas, como anos de vida produtiva, segundo o estudo, podem
chegar a US$ 20 bilhões.
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