Por Maurício Brum
Dispositivo de baixo custo desenvolvido por pesquisadores da USP detecta rapidamente alterações em proteína associada a transtornos psiquiátricos
Um grupo de cientistas brasileiros desenvolveu
um novo dispositivo capaz de detectar, com rapidez de minutos e a um custo
reduzido, marcadores associados a transtornos psiquiátricos como a depressão, a
bipolaridade e a esquizofrenia. A ideia é que o equipamento possa vir a
contribuir para diagnósticos precoces, ajudando a obter melhores desfechos nos
tratamentos.
O instrumento, um biossensor portátil, foi
apresentado à comunidade científica em um artigo publicado em agosto na revista
especializada ACS Polymers Au. A inovação é resultado do trabalho de
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Embrapa
Instrumentação.
Como funciona o biossensor
Na prática, o dispositivo é uma tira flexível
com eletrodos, que avalia gotas de saliva para determinar a concentração de uma
proteína essencial para a formação e manutenção dos neurônios, conhecida pela
sigla BNDF (inglês para "fator neurotrófico derivado do cérebro"). O
resultado sai em menos de três minutos e pode ser exibido em tempo real em
outro dispositivo com transferência por Bluetooth.
Quando há uma redução do BNDF, o resultado pode
ser indicativo de alterações associadas aos transtornos psiquiátricos. Uma
vantagem é a pequena amostra necessária para obter um resultado, o que auxilia
na detecção precoce de fatores de risco.
O dispositivo fornece um auxílio para acelerar
o diagnóstico, e não é utilizado isoladamente. Se os números causam alguma
preocupação, o paciente pode ser encaminhado para exames adicionais que
confirmem a suspeita ou venham a descartá-la.
Outro trunfo do biossensor, segundo os autores,
é o amplo espectro em que ele é capaz de detectar as concentrações de BNDF:
além de observar níveis muito baixos, que podem indicar problemas, ele também
consegue acompanhar eventuais aumentos, que ajudam a monitorar a resposta a
tratamentos já iniciados ao longo do tempo.
Quando chegará ao mercado?
Ainda não há uma linha do tempo clara para a
comercialização do equipamento, mas os resultados promissores e o custo
considerado baixo para desenvolver o biossensor encorajam os pesquisadores, que
já buscam patentear a invenção.
Na fase de testes publicada até o momento, o
aparelho se destacou pelo custo de apenas US$ 2,19 por unidade, equivalente a
menos de R$ 12 pelo câmbio atual.
Além da versatilidade e agilidade para obtenção
dos resultados, o sensor também é capaz de armazenar os dados a longo prazo e
apresentou um desempenho superior a outros produtos equivalentes que já
existem, indicando que há um caminho para viabilizar sua entrada no mercado.
Fonte: Veja Saúde
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