Cerca de 30% da população brasileira, o que
representa aproximadamente 60,9 milhões de pessoas, sofre com halitose, também
conhecida como mau hálito. Apesar de não ser considerada uma doença, a condição
traz sérios impactos sociais, emocionais e profissionais. A boa notícia é que
ela tem tratamento — e o cirurgião-dentista é o profissional mais indicado para
diagnosticar e tratar o problema de forma eficaz.
Segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO)
e os 27 Conselhos Regionais de Odontologia do país, é essencial conscientizar a
população de que a halitose pode ser controlada e até eliminada, desde que
tratada com responsabilidade e acompanhamento profissional.
Mais que um incômodo: um sinal de alerta
De acordo com Roberto de Sousa Pires,
secretário do CFO e especialista em Saúde Pública, o mau hálito é um sintoma
que exige atenção. "Ele pode afetar diretamente a autoestima, o convívio
social e a qualidade de vida", explica. Ainda é comum a crença de que a
halitose esteja relacionada a problemas estomacais, mas, em mais de 90% dos
casos, a origem está na própria cavidade bucal.
O diagnóstico adequado depende de uma avaliação
criteriosa por um cirurgião-dentista, que identificará a causa e recomendará o
tratamento mais adequado.
O
que é halitose?
Segundo a cirurgiã-dentista Karyne Magalhães,
presidente da Associação Brasileira de Halitose (A B H A), a halitose é a alteração
do odor exalado pela boca ou narinas. Existem mais de 60 causas possíveis,
variando desde higiene oral inadequada até doenças crônicas.
O professor e membro da A B H A, Mário Sérgio
Giorgi, explica que a halitose pode ser clínica (objetiva) ou subclínica
(subjetiva):
Halitose
subjetiva: o paciente acredita ter mau hálito, mas isso não é percebido por
terceiros ou por exames. Está muitas vezes associada à ansiedade ou transtornos
emocionais, podendo requerer também apoio psicológico.
Halitose
objetiva: detectada por terceiros, por exame clínico (organoléptico) ou por
equipamentos como a halitometria. Pode ter causas orais ou extraorais, como
alterações nas vias aéreas superiores ou problemas sistêmicos.
Principais
causas da halitose
A halitose é multifatorial, mas em grande parte
dos casos, a origem está na boca. Entre as causas mais comuns estão:
Má
higiene bucal
Acúmulo
de saburra lingual (resíduos e células descamadas na língua)
Doenças
periodontais
Próteses
mal higienizadas ou mal ajustadas
Implantes
e restaurações com falhas
Disfunções
salivares, como a hipossalivação (produção reduzida de saliva), que provoca boca
seca (xerostomia)
“A saliva é um dos principais protetores da
boca, com funções antimicrobianas e de limpeza. Alterações na sua produção
prejudicam o hálito”, destaca Karyne Magalhães.
Outros fatores que podem contribuir:
Tabagismo
Uso de
álcool e drogas
Medicações
que causam boca seca
Uso de
enxaguantes bucais com álcool
Jejum
prolongado ou dietas desequilibradas
Infecções
respiratórias, rinites, sinusites e presença de cáseos amigdalianos
Doenças
sistêmicas, como diabetes, insuficiência renal e hepática
Diagnóstico e tratamento
Como ninguém é um bom avaliador do próprio
hálito, qualquer pessoa pode ter halitose sem perceber. Por isso, o ideal é
realizar consultas periódicas com um cirurgião-dentista, que está habilitado a
identificar o problema e iniciar o tratamento.
“O mau hálito pode gerar neuroses, traumas e
exclusão social. Nesses casos, o suporte psicológico deve ser integrado ao
tratamento odontológico”, alerta Roberto Pires, do CFO.
Muitas pessoas, por desconhecimento, recorrem a
práticas ineficazes, como o uso excessivo de balas ou enxaguantes bucais
alcoólicos, que apenas mascaram os odores sem tratar a causa.
Cuidados diários que fazem diferença
A prevenção da halitose começa com uma rotina
de higiene bucal adequada, orientada por um profissional. Além da escovação dos
dentes e uso do fio dental, é fundamental cuidar da limpeza da língua.
Mário Sérgio Giorgi ensina uma técnica simples:
1. Segure a ponta da língua com uma gaze e
puxe-a suavemente para fora.
2. Com o auxílio de limpadores linguais ou
escova própria, remova a saburra com movimentos de trás para frente.
3. Alterne os instrumentos: limpador – escova
de língua – limpador para uma limpeza eficiente.
Outros hábitos recomendados:
Boa
hidratação diária
Alimentação
equilibrada e bem mastigada
Evitar
jejum prolongado
Controle
do estresse e ansiedade
Evitar
automedicação
A A B H A reforça que o primeiro passo é a prevenção.
E diante de qualquer sinal de alteração no hálito, a recomendação é procurar o
cirurgião-dentista.
Campanha Nacional de Combate ao Mau Hálito
Com o objetivo de educar a população e promover
hábitos saudáveis, a Associação Brasileira de Halitose realiza anualmente a Campanha
Nacional de Combate ao Mau Hálito, de 22 de setembro a 25 de outubro (Dia do
Cirurgião-Dentista).
O tema deste ano é:
"Mau hálito constante indica
problema de saúde."
O Conselho Federal de Odontologia apoia a
campanha, incentivando a busca por diagnóstico profissional e alertando sobre a
importância de tratar casos persistentes de halitose com seriedade, pois eles
podem indicar problemas sistêmicos mais graves.
A halitose não deve ser ignorada. Além de um
incômodo social, pode ser um sinal de desequilíbrio na saúde. Com o acompanhamento
odontológico correto, é possível não apenas identificar a causa, mas também recuperar
a autoconfiança e a qualidade de vida.
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