Da Redação
Ao menos nove
casos de intoxicação por metanol foram registrados em São Paulo no
último mês, todos relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. A
informação foi divulgada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
e Gestão de Ativos (Senad), do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
que classificou o número de ocorrências como “fora do padrão”.
Segundo o Centro
de Informação e Assistência Toxicológica de Campinas (Ciatox-SP), episódios
de intoxicação por metanol eram até então mais comuns em situações de ingestão
deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente envolvendo
pessoas em situação de rua. O que chamou a atenção, desta vez, foi que os casos
ocorreram em bares e envolveram diferentes tipos de bebidas, como gin,
uísque, vodca e outros destilados.
Em resposta, o
MJSP emitiu uma recomendação a estabelecimentos de São Paulo, reforçando a
necessidade de compras seguras, verificação da procedência e maior atenção à
rastreabilidade dos produtos.
Entre os sinais
de alerta de bebidas adulteradas estão:
preços muito
abaixo do mercado;
lacres tortos
ou violados;
erros
grosseiros de impressão nos rótulos;
odor semelhante
a solvente;
relatos de
consumidores com sintomas como visão turva, náusea, dor de cabeça intensa ou
sonolência anormal.
A Associação
Brasileira de Bebidas (Abrabe) informou que, apenas em 2025, mais de 160
mil produtos falsificados foram apreendidos em operações contra o comércio
ilícito.
O que é
o Metanol?
O metanol
é um composto químico utilizado principalmente na indústria, presente em
fluidos anticongelantes, combustíveis e limpadores de para-brisa. Apesar de se
parecer com o álcool comum (etanol), ele não é destinado ao consumo humano
e é altamente tóxico.
A ingestão de
pequenas quantidades já pode ser letal. Isso acontece porque, ao ser
metabolizado pelo fígado, o metanol gera subprodutos como formaldeído,
formiato e ácido fórmico. Essas substâncias atacam os nervos e órgãos
vitais, podendo causar cegueira, danos cerebrais, coma e até a morte.
Segundo
especialistas, o formiato age de forma semelhante ao cianeto, impedindo
a produção de energia celular. O cérebro e os olhos estão entre os órgãos mais
vulneráveis, o que explica a ocorrência frequente de cegueira nos casos graves
de intoxicação.
Como
identificar os sintomas?
Nos primeiros
momentos após a ingestão, os efeitos do metanol podem se confundir com os do
álcool comum: sensação de embriaguez e náusea. Por isso, muitas pessoas não
percebem o perigo imediatamente.
Horas depois,
quando o corpo começa a metabolizar a substância, surgem os sintomas mais
graves:
visão turva ou
perda súbita da visão;
dor de cabeça
intensa;
náuseas e
vômitos persistentes;
confusão mental
e rebaixamento da consciência;
convulsões e
dificuldade respiratória.
Tratamento
A intoxicação
por metanol é uma emergência médica e exige atendimento hospitalar
imediato. Entre as opções de tratamento estão:
administração
de medicamentos antídotos;
diálise para
limpar o sangue;
uso de etanol
(álcool comum) como inibidor competitivo, que retarda a metabolização do
metanol e permite que o corpo o elimine de forma menos tóxica.
Especialistas
ressaltam que o tempo é crucial: quanto mais cedo a vítima receber atendimento,
maiores são as chances de sobrevivência sem sequelas.
Como se
proteger?
Para reduzir os
riscos de consumir bebidas adulteradas com metanol, é importante:
comprar bebidas
apenas em estabelecimentos licenciados;
verificar se o
lacre da garrafa está intacto;
desconfiar de
preços muito abaixo do normal;
observar erros
de impressão ou rótulos suspeitos;
evitar bebidas
caseiras ou de origem duvidosa.
Em caso de
suspeita de intoxicação, o recomendado é procurar atendimento médico imediato e
acionar o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001).
0 Comentários